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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Poesia no WC


Já não há casas de banho públicas como aquelas que havia antigamente. Aquelas, carregadas de poesia vernácula, portuguesa e estrangeira, escrita (às vezes, gravada) nas portas, paredes ou mesmo nos caixilhos de madeira e que nos distraíam o espírito enquanto as utilizávamos.

Havia sempre “poemas” muito interessantes, alguns deles com estrofes muito bem escritas – rimando, quais castiços “Lusíadas”, de Luíz Vais Com-as-mões – e muito pedagógicas pois, com eles, aprendiamos sempre alguma coisa sobre algo ou sobre alguém. Lembro-me, por exemplo, que umas faziam isto, outras, aquilo.

Hoje, feliz ou infelizmente, são tão asseadas que os poetas se inibem em dar azo à sua imaginação, criando. Ou então, pior ainda, já não há "criadores" com uma veia poética desse calibre.

Eu nunca fui um poeta desses (nem d’outros) pois nunca tive o minimo jeito para a escrita. Mas fui sempre um leitor muito atento à arte, embora ficasse muitas vezes desconfiado sobre o que lá constava – às vezes era, certamente, “só garganta” – pois muitas delas nem sequer deviam existir. Não passariam apenas de tusas (perdão: musas) inspiradoras.

Nunca mais me vou esquecer de um singelo pregão que vi escrito na parede de um urinol, enquanto mictava, na Escola Secundária de Carcavelos (na altura, no colégio “Maristas”) que rezava, assim: “O futuro está nas tuas mãos”.

E não é que o poeta sabia do que falava...e tinha razão!!!


Luís Alturas, 21 de Julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Apeadeiros

Não sou entendido em meteorologia (nem geofísica), mas dá-me a impressão que nem mesmo os entendidos nessa área conseguem explicar isto. Ouço uns a dizerem uma coisa e outros a dizerem exactamente o contrario. O que é facto é que estamos há cerca de 1 mês no Verão e ele…nem vê-lo. Uns dizem que a culpa é do homem. Outros, que é normal e que faz parte de um ciclo climático. O que é facto é que os Verões estão cada vez menos Verões, o mesmo se passando com todas as outras estações do ano. Acho, inclusive, que já não faz sentido falar em estações. Essas deixaram de existir há muito tempo. Hoje temos apeadeiros. Uns dias chove; outros nem por isso e faz muito calor; outros há ainda, que ventam. E assim vamos andando doentes e mentalmente agastados. E não falo por mim, graças a alguém…que não Pedro.



19 De Julho de 2011
38º 42’ N,9º 19’ W
08:00 GMT
17º
Chove copiosamente

Luís Alturas, 19 De Julho de 2011

sábado, 16 de julho de 2011

Estudos

Acho que já estava na altura de se fazer uma pausa nos estudos científicos que se vão fazendo por todo o mundo. Ou então, proibir a comunidade científica de investigar tudo aquilo que já tenha sido investigado e publicado nos últimos 20 anos (prazo legal que deveria ser respeitado sobre todo e qualquer estudo creditado pela comunidade cientifica internacional – direitos de autor). Se possível, em todas as áreas de conhecimento, mas muito em particular no que diz respeito às ciências médicas relacionadas com a nutrição. É que as coisas já estão tão esmiuçadas que os estudos que se fazem não acrescentam nada de novo aos que já se fizeram. Pelo contrário, contrariam-nos. E isso baralha-nos. O que hoje é verdade, amanhã é mentira: a sardinha é boa; a sardinha é má. O vinho faz mal; o vinho faz muito bem; o salmão é que é; afinal, o salmão já não é; a fruta é com casca; afinal a casca faz mal. Apre!!! Tenho a certeza que se tiverem o azar de se debruçarem mais a fundo sobre os efeitos da nicotina ainda vão conseguir descobrir que esta faz muito bem à hipófise ou quem sabe à articulação do joelho. Até já estou a ver o slogan: “Um cigarro por dia nem sabe o bem que lhe fazia”…


 
Luís Alturas, 16 De Julho de 2011

Electrodomésticos


Estou em querer que os electrodomésticos comunicam uns com os outros através de uma espécie de telepatia electromagnética. Para além do mais, são extremamente solidários uns com os outros – se calhar, até mais do que nós, humanos. Logo que um se avaria outros dois ou três – que certamente deverão ser os seus melhores amigos – lhe seguem o mesmo caminho. O meu carro é o melhor amigo do meu telemóvel. De certeza! Que raiva…

Luís Alturas, 16 de Julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Mas que Diabo

Ele há letras de músicas que para mim não passam de verdadeiras incongruências poéticas. Letras que não fazem qualquer sentido. Porque será?! Será que isso aconteceu porque o autor desconhecia o tema; porque não conseguiu arranjar uma rima melhor; ou porque andava a fumar alguma coisa estranha?!

Veja-se o exemplo da cantilena que nos habituamos a ouvir e a cantar, desde crianças, por altura dos santos populares: "S. António já se acabou; o S. Pedro está-se a acabar; S. João, S. João dá cá um balão para eu brincar.". Pergunto: o S. Pedro não é posterior ao S. João?! É...!!! Então, sendo assim, o pregão não devia dizer "o S. Pedro está-se a acabar", se ele (o S. Pedro) ainda nem começou… ou estou enganado?!

E o que dizer daquelas que foram feitas para os petizes?! Essas que supostamente deveriam ter um carácter educativo e pedagógico?!

Peguemos, no exemplo do: “Atirei o pau ao gato-to; mas o gato-to, não morreu-eu-eu...”. Pergunto: a ideia que se pretende transmitir aos petizes é que se deve atirar paus aos gatos para os matar? Não faz sentido.

E o que dizer desta: “O sapo não lava o pé; não lava porque não quer; O sapo mora na lagoa e não lava o pé porque não quer; mas que chulé… Qual é o sentido? É que as crianças vejam o sapo como um animal repugnante e malcheiroso?

Devia ser proibido fumar substâncias alucinogénas enquanto se escreve... para tal já nos basta o Rui Reininho...



Luís Alturas, 14 De Julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quarenta e Um

Já lá vão 41. Bolas…41 anos!!! O que vale é que não parece nada (pelo menos por fora...bem, se calhar...vendo melhor, a carcaça também já não está um primor...)!!! Isto acontece porque nasci num planeta que gira, à volta do sol, a grande velocidade. Se tivesse nascido lá para os lados de Marte, hoje não teria mais de 20 anos!!! Essa é que é essa... Por isso, a idade tal como tudo o resto na vida, é muito relativa.
Mas mesmo nesta condição terrena, ao contrário do Paco Bandeira quando tinha a minha idade, posso dizer que até hoje estou feliz por amar o que amei; pelos copos que bebi; pelos discos que toquei; pelos poemas que li; pelos filmes que vi; pelas canções que cantei; e que conto continuar a faze-lo por, pelo menos, mais uns tantos como os que já passei (claro que se a terra reduzisse um pouco a marcha, ajudava!!!)





Luís Alturas, 11 de Julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

Palavras Cruzadas

Gosto de fazer “Palavras Cruzadas”. Já fiz mais, é um facto. Mas ainda hoje, por vezes quando tenho tempo, depois de ler o jornal, agarro-me com unhas e dentes a tentar faze-las. É sempre um desafio. Gosto mais de umas que outras. Não gosto, por exemplo, daquelas em que tenho que saber o nome de actores de novelas ou jogadores de futebol da 2ª divisão (ainda por cima, com 2 palavras). Gosto daquelas que versam a Geografia, a Quimica, a Biologia e o Português. Considero que é uma boa forma de entertenimento ao mesmo tempo que acabamos por aprender mais sobre sinónimos, antónimos, simbolos quimicos, nomes comuns, interjeições, abreviaturas, prefixos e sufixos da lingua riquissima, que é o Português.
Sufixo de agente. Com 2 letras?!
Agente:
S.m. Tudo o que opera, age.
Ele há tantas coisas que operam e agem...umas agradavelmente outras nem por isso. Antes pelo contrário.
Desde a minha juventude alimentei um ódio de estimação a um certo agente. Um agente que tem operado quase todos os dias da minha vida. E sempre que o faz dá-me vontade de o esganar. Ele controla o meu tempo e por isso considero-o um inimigo do meu prazer. Diabólico.
Mas há outro que não me canso de aplaudir, só pelo facto de existir. Ele tem estado sempre presente e permite-me viver sem arrefecer. O homem que o inventou devia ter uma estátua colossal em todas as capitais mundiais (no mínimo). Um agente sem o qual a minha vida não teria o mesmo calor. Um verdadeiro amigo do meu prazer. Benévolo.Sufixo de agente. Com 2 letras: “OR”.


Maldito despertad(or)...

Maravilhoso esquentad(or).

 


Luís Alturas, 10 de Julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

Sextas-Feiras

A semana tem 7 dias. Cinco são (in)úteis e dois são, simplesmente, fantásticos. É bom quando terminamos a semana. Quando atingimos aquele que é o último e por vezes o único dia, de facto, útil. A 6ª feira. Bendita, 6ª feira. Mas, também é irónico que tudo o que me faz corroer a alma ocorra precisamente nesse dia . Maldita, 6ª feira. E independentemente do dia do mês. Os treze são, para mim, simplesmente um mito. Os problemas, principalmente aqueles do foro da administração publica, teimam em aparecer-me numa 6ª feira qualquer, independentemente do dia do mês. E sempre que isso acontece vejo-me irremediavelmente impedido dos resolver pois essa maldita administração tem uns horários que não se coadunam com os meus. Sinto-me impotente. E isso enerva-me, sobremaneira. Para piorar a situação estraga-me o fim-de-semana. Sou obrigado a passar os 2 dias, que supostamente serviriam para descomprimir, em stress (pré-traumático) pois não consigo abstrair-me do problema que me criaram. Assim, e por estranho que pareça (ou não), nesta altura esses 2 dias parecem-me intermináveis e anseio a chegada de uma 2ª feira. Arghhhh, 2ª feira. Como é possível?!?!


Luís Alturas, 9 de Julho de 2011

PAI

Faz hoje 20 anos. Como é possível?! Sinto saudades. Nestes 20 anos muitas coisas aconteceram. Terminei o meu curso. Comecei a trabalhar. Casei. Tive 2 filhas, maravilhosas. Divorciei-me. O resto foram entretantos …
Sei que assististe a tudo isto. Vejo-te brilhar todas as noites e sei que estás a olhar por mim. Descansa em paz. Até já. Pai.


 

Luís Alturas, 09 de Julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Uva Mijona

“Dois quintos da riqueza mundial estão concentrados nas mãos de 37 milhões de indivíduos, ou 1% da população adulta, segundo indica um estudo da Universidade das Nações Unidas lançado em Londres.”
Como não sou economista, vejo a economia assim:
Uma corja de meninos-ricos e mimados (leia-se: Americanos), e porque ainda não estão satisfeitos com aquilo que têm, querem enriquecer ainda mais à custa da pobreza dos outros (leia-se: resto do mundo);
Então, através de umas “coisas” sinistras que inventaram para classificar as economias dos outros, que dão pelo nome de agências de ratting, especulam e dizem que a “coisa está preta” (classificando essas economias de: lixo);
Ora, quando a “coisa está preta” as pessoas ficam com medo;
O medo faz com que essas mesmas pessoas passem a comprar menos bens e serviços;
Não comprando, as empresas entram em recessão e diminuem a sua produção;
Surgem, então, os despedimentos;
Havendo despedimentos, há maior pobreza e convulsão social, levando a uma cada vez menor procura;
O consumo cai abruptamente;
Quando a procura é menor que a oferta, há inevitavelmente falências;
É aí que volta a entrar a corja que compra, tudo e mais alguma coisa, ao preço da “uva mijona”;
E assim ficam, como tinha sido o seu propósito, mais ricos…



Luís Alturas, 7 de Julho de 2011

sábado, 2 de julho de 2011

Reunião

Não há nada melhor na vida do que uma boa reunião. Não me refiro a uma reunião qualquer. Falo daquelas onde estão presentes as pessoas que nos dizem muito. Daquelas onde é muito prazeroso estar. Daquelas de onde não nos apetece sair.
O homem não nasceu para estar só. Ele só está completo quando reúne à sua volta a família e os seus amigos. Estes são os verdadeiros alicerces da sua existência. São estes que lhe alimentam a alma.
Eu, sou um homem com muita sorte. Estou em reunião.


Luís Alturas, 2 de Julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Atrasos de Vida

Não sei se já alguma vez vos aconteceu, mas a mim é uma constante da vida. Parece que sempre que estou com pressa alguém surge do nada, ou alguma coisa acontece, e acaba por me atrasar a vida.

Dirijo-me a uma caixa multibanco para fazer um simples levantamento. Ela está ali à minha frente, a uns míseros 10 metros de distância, e vislumbro que ninguém está a usa-la. Óptimo. Estugo mais o passo para a alcançar. Mas, eis senão quando, vindo de uma esquina qualquer, um velhinho aparece e apressadamente acaba por se colocar entre a máquina e eu. Tento não ligar ao infeliz acontecimento e aguardo pacientemente a minha vez, atrás dele. Um levantamento também não demora assim tanto tempo. É aí que observo o velhinho a tirar do bolso do casaco uma factura já toda amarrotada, rasgada e amarelada. Prepara-se para efectuar um pagamento. Começo a ficar preocupado e impaciente, mas finjo que não vejo. O velhinho começa então a digitar as teclas lentamente, confirmando cada dedilhada com o algarismo que tem naquele maldito papel. Por vezes, e para ajudar, o sol bate de chapa cegando-o daquilo que vai acontecendo no ecran. Por estas, ou outras razões (que por vezes a própria razão desconhece), como não é lesto a efectuar a operação esta acaba por ser anulada e vai daí todo o procedimento terá de ser, inevitavelmente, repetido. Começo a pensar que é de propósito e às vezes dá-me vontade de lhe dizer que eu próprio faço a operação. Mas nunca o fiz. Ao invés, cerro os dentes.

Mas nem sempre é assim. Também há aqueles dias em que a caixa está desocupada. E ninguém surge da tal malfadada esquina. Mas também é precisamente nesses dias que a caixa não tem dinheiro (vá-se lá saber porquê) e que aquele “bonequinho” com um sorriso trocista me diz que devo dirigir-me ao Multibanco mais próximo. Cerro os dentes, ainda com mais força.

No supermercado tenho a tendência parva de me dirigir para as filas mais curtas. Quando a opção está tomada tendo, para meu infortúnio, a aperceber-me de quem são os últimos das caixas que me ladeiam e que a vista alcança. Pois bem, não há um único dia (se calhar, estou a exagerar um pouco) em que esses personagens não se despachem antes de mim, pois a senhora que está à minha frente traz um maldito produto que o leitor de código de barras não consegue descortinar o preço. E vai daí, a menina da caixa tem de chamar, através de um estúpido telefone, o supervisor que está, normalmente, escondido no canto mais afastado daquele supermercado. Os meus dentes cerram-se ferozmente.

E quando estou de carro. Aí o fantástico acontece. Por vezes vou quilómetros atrás de alguém que anda perdido (só pode), ou do velhinho que me havia atrasado na caixa multibanco. Quando julgo que essa marcha lenta terminou, pois o carro muda de direcção (seguindo tranquilamente o seu caminho, atrasando a vida a mais alguém), vindo de uma encruzilhada qualquer ou da rotunda que me vejo obrigado a entrar, aparece um camião de transporte de mercadorias (quando não é do do lixo, à noite) que por uma questão de prioridade (e porque é maior que o meu) coloca-se à minha frente e deixa-me com a marcha ainda mais vagarosa. Os meus dentes cerram-se à velocidade da luz.

Há quem diga que todas estas esperas são sinais. Sinais que cada vida tem um ritmo próprio e que esse ritmo deve ser respeitado. Se não fosse a espera na fila da portagem o acidente que se verificou uns quilómetros mais à frente poderia ter tido outro protagonista - eu. Acredito um pouco nisso. E é por isso mesmo que, sempre que estas esperas me acontecem, cerro os meus dentes com muita força e penso, "Obrigado por mais este atraso de vida.".

Luís Alturas, 01 de Julho de 2011