O homem é, de facto, um ser muito imperfeito. É uma pena que assim seja… mas, esta é a realidade. Não me refiro à sua fisiologia, cujos processos químicos estão muito bem engendrados e funcionam na perfeição (não fossem os agentes externos e esses nunca se desequilibrariam), mas à sua anatomia. Antes de mais pela assimetria, depois pelo desperdício, do seu corpo.
Se repararmos bem (até mesmo os mais distraídos já se devem ter apercebido – eu apercebi-me há poucos minutos atrás), exteriormente o homem “está feito” aos pares (à excepção do tronco, nariz, boca e miudeza – que são únicos, mas simétricos – todas as outras estruturas têm o seu respectivo par). Até aqui, tudo bem! No entanto, no seu interior (e ainda bem que é interior – pois não se vê) essa característica já não se verifica e, à excepção de 2 ou 3 órgãos, todos os outros não têm par dando ao seu conteúdo um aspecto não só assimétrico mas também de alguma desarrumação (que o digam os médicos legistas quando procuram por uma vesícula).
No que diz respeito ao desperdício, verifica-se que o corpo humano tem estruturas que não fazem qualquer sentido em existir. Que só ocupam espaço e atrapalham. Senão, vejamos:
Desde logo o apêndice, que se encontra na extremidade proximal do intestino grosso, e que não tem qualquer acção evidente a não ser a de nos poder levar, quiçá, a experimentar, um dia destes, o sabor amargo e frio de uma mesa de cirurgia.
Outra estrutura, que não faz falta nenhuma (e que representa igualmente desperdício), são os dedos mindinhos dos pés, que não fora o facto de cortarmos as suas unhas (de quando em quando - afim de pouparmos as peugas de alguns “buracos” inusitados) ou de batermos com eles, violentamente, na perna de uma cadeira qualquer (quando nos levantamos à noite para satisfazer alguma necessidade básica sem ligarmos a luz – para não acordarmos) e de outra forma não daríamos por eles.
E, por falar em cortar as unhas… estas, também não têm qualquer utilidade prática (nem sequer para coçar – pois em qualquer loja do “chinês” conseguimos encontrar umas mãozinhas de madeira que tem um efeito bem mais eficaz). Só mesmo as mulheres ainda lhes dão algum uso, fazendo-as crescer (não só as dos mindinhos, como os homens - por questões de higiene pessoal, relativamente ao excesso de cera) e pintando-as, dando-lhes, dessa forma estranha, um ar bem mais colorido (que é como quem diz, apalhaçado...).
E, o que dizer dos dentes do siso?! Daqueles que têm a característica estranha e única de despontarem numa fase em que tudo já está mais do que despontado, fazendo-nos sofrer horrores para os quais já não estamos minimamente preparados. Para que servem?! Para nada. Só mesmo para nos encherem a boca e gastarmos mais algumas coroas em estomatologistas que acabam por ter mais 4 dentes para fazer render o seu peixe.
De tudo o que é pêlo ainda hesito em considera-lo desperdício, pois não sei até que ponto não passaremos por uma nova Idade do Gelo onde a sua presença faça todo o sentido. Por essa altura não terei pena alguma de todos aqueles que, devido a depilações sucessivas das gerações anteriores, nasçam sem qualquer tipo de pilosidade.
Em suma, o homem está cheio de apêndices que não lhe fazem falta. E, o mais grave de tudo isto é que o único que lhe é fundamental (do qual depende a continuidade da espécie humana) está a sumir-se, ao longo das gerações, a uma velocidade muito superior aos outros (excepção feita em África onde, pelo que sei, a natureza tem sido generosa e compensatória – menos comida… mais apêndice).
À excepção do apêndice da vida (que este sim, devia ser melhorado – aumentado – para fazer as delicias de todos... ou melhor, de todas), o homem já se devia ter conseguido livrar-se de todos os outros (afinal de contas já cá andamos há uns anitos, bolas! Onde está a selecção natural ou o evolucionismo pregado pelo Darwin?!)… que não lhe melhoram a sua condição de vida… antes pelo contrário...
Agora, se a evolução fosse “esperta” ela forneceria outros pares de apêndices que, a existirem, aproximariam o homem de um ser quase perfeito. Falo de um bom par de asas e outro de guelras. Ai, sim. O homem passaria a dominar a todos os níveis o planeta que habita, e a viver bem mais feliz (não esquecendo o aumento do apêndice da vida, que maior permitiria melhores atracagens…)
Estarei a ser muito utópico e irrealista?!
Nãaaaaaaa....
Luís Alturas, 28 de Outubro de 2011